Em 2010, cerca de 40 mil engenheiros se formavam por ano no Brasil em campos tão diversos quanto Computação, Elétrica, Mecânica, Eletrônica, Aeronáutica, Naval e Civil – para citar algumas das mais de 30 engenharias disponíveis no país. Em 2015, este número já tinha saltado para mais de 80 mil, de acordo com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Embora pareça uma grande quantia, o Conselho
Nacional de Engenharia e Agronomia (Confea) aponta que outras nações têm muito
mais desses profissionais essenciais para o desenvolvimento nacional: Índia e
China formam, respectivamente, 220 mil e 650 mil novos engenheiros por ano.
Mesmo
em tempos menos auspiciosos, quando há empresas encerrando milhares de vagas e
gigantes nacionais sob investigação, ainda são muitas as possibilidades para
engenheiros qualificados no mercado – o que se torna especialmente para quem
também está disposto a aplicar seus conhecimentos de outras maneiras.
Isso
porque um engenheiro é treinado para entender e solucionar problemas, e sua
capacidade de raciocínio lógico e analítico é muito bem vinda tanto no mercado
financeiro quanto num hangar de aviões, numa ONG, em uma startup, na gestão
pública ou em uma consultoria estratégica, por exemplo.
Carreira
em engenharia: destaque para os bons profissionais
Esse
não é, porém, o único fator em jogo para quem se forma agora: o salto brasileiro
no número de formandos não se reflete necessariamente na qualidade dos
profissionais que chegam ao mercado.
O setor
privado, responsável por ampliar em quase 600% a quantidade de formandos em
Engenharia entre 2000 e 2015, acabou inundando o mercado com novos
profissionais – mas nem todos são cursos bem qualificados pelo Ministério de
Educação.
Os
diversos rankings de melhores universidades de Engenharia do país costumam ser
dominados pelas universidades públicas (federais e estaduais), com exceções
de instituições particulares como PUC, FEI, Unisinos, Mackenzie e Mauá.
Num
cenário como o atual, destaca-se com facilidade o jovem que estiver bem
preparado. Para Marmorato, o engenheiro mais valioso é aquele que detém o
conhecimento e “zela pelo bom exercício profissional, com ética e
profissionalismo”.
Ou
seja, o ideal é que o profissional busque ampliar seus conhecimentos sempre que
possível, investindo em estudos e especializações que estão em alta no mercado,
como análise de dados e desenvolvimento de negócios, para conquistar empresas
cada vez mais exigente
À
espera de um novo boom
No
início dos anos 2010, muito se falava sobre um possível “apagão de engenheiros”
no Brasil, que apresentava então fortes índices de crescimento e investia
pesado em obras de infraestrutura, preparando-se para sediar uma série de
eventos e aquecendo a economia. O medo era de que faltassem engenheiros.
Com
a recessão e operações como a Lava Jato, que paralisaram projetos e atingiram
construtoras e fontes de financiamento, o quadro mudou de figura.
Não
deixam de ser dois lados da mesma moeda – a demanda impulsionada pelo setor
público –, e o cenário tende a se tornar menos sombrio conforme o país se
recupera.
Marmorato
explica o porquê: há uma dependência de investimentos públicos para que grandes
obras aconteçam aqui, o que acaba causando ansiedade entre alunos de Engenharia
que se formam em tempos de crise. Mas o aumento da demanda é questão de tempo.
Ao
comparar o Brasil de hoje com aquele de seu tempo de estudante, nos anos 1990,
ele vê os mesmos gargalos de infraestrutura em áreas como saneamento, transporte
e habitação, entre outras, onde há muito trabalho ainda por fazer e que
eventualmente terá que ser feito – especialmente por engenheiros.
“É
um segmento que pode ter ciclos que demandam mais ou menos profissionais”, diz
o professor. “A questão do mercado de trabalho depende mesmo da época na qual o
aluno vai se inserir no mercado.”
Segundo
especialistas, há hoje setores em alta que merecem atenção de engenheiros, como
energia, telecomunicação e tecnologia, que investem constantemente em soluções
inovadoras e na criação de processos mais eficazes – perfeito para
profissionais curiosos e capazes de se adaptar.
Com
crise ou sem crise, uma coisa é certa: um bom engenheiro, que se esforça
constantemente para aprender mais e melhor, sempre encontra espaço no mercado.
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